3º Parte: Passo importante. Cuidado pra não
cair...
Agora
já caminhando em meio ao nada, três dias faziam já que havia feito sua última parada,
sua última conversa sua ótima refeição e descanso. O mal de se caminhar sem
essas coisas é a possibilidade de se enlouquecer, mesmo os homens de mente mais
forte depois de certo tempo começam a imaginar cidades, refeições e até umas
putas para sua diversão até a hora de se matar de algum modo idiota no deserto
imaginando que está se salvando.
Suas
caminhadas eram banhadas com águas passadas, lembranças nas quais se apegará
para não se esquecer de quem era e que não poderia deixar a loucura lhe
alcançar para morrer agora, ainda mais de modo imbecil e desajeitado. A noite
caiu e logo ele se via tão cansado que não agüentava mais prosseguir, caiu em
meio às areias do deserto e antes de perder a consciência viu algo ou alguém se
aproximando, mas a vista sem foco logo se apagou sem revelar nada do que acontecerá
exatamente naquele momento.
Seu
desmaio foi consolado por sonhos talvez com alguma importância ou porcentagem
de realidade, mas também com devaneios e insanidades impossíveis de se
compreender. Viu-se certo momento em meio a uma cidade enorme e muito bela que
perante seus olhos desmoronou e queimou e ele ali assistia as pessoas correrem
em desespero algumas passavam em chamas, prédios caiam e carros explodiam um
desastre horrível e quando fechou seus olhos numa piscada rápida abriu com um
campo florido a sua frente, no meio viu um brilho interessante muito intenso Escarlate
e quando se dirigia aquele brilho conforme chegava perto suas imagens se
misturavam com outras sem sentido com pessoas falando em um lugar estranho, até
que essa outra imagem o dominou e o campo sumiu, percebeu que havia acordado em
um lugar diferente e com aquele suposto homem a sua frente rodeado por várias
pessoas. Crianças, mulheres, idosas, idosos e outros homens o olhavam como uma
aberração. Ao perceberem que havia acordado o homem que supostamente o achou no
deserto lhe dirigiu a palavra primeiro:
-
Ei! - Com um sorriso desprezível - Não é
que ainda possui vida nesse corpo que quase fica para apodrecer no deserto como
comida dos animais.
Ele
puxou o fôlego e responde:
-
Sim, não sei se é vida acho que podemos dizer que é mais potencial para não
desistir ou me entregar facilmente.
O
Homem da uma risada:
-Muito
bom muito bom, o deserto não lhe tirou o humor não é forasteiro? Desculpe a
falta de educação, meu nome é Morgan o comandante da nossa comunidade de
bandidos e o seu?
-Não
tem importância meu nome há muito tempo.
Com
a cara séria:
-Mas
sabe que é faltar com a educação não se apresentar depois do primeiro te lo
feito correto?
-Sabe
que não pedi que o fize-se. Correto? – com o olhar sério como se desafiando
ele, esperando ansioso para ver sua reação a sua resposta.
O
bandido manteve o olhar firme por uns 5 minutos sem falar nada, depois seu
rosto sério se retorceu em um sorriso:
-Está
certo, não pediu mesmo não é?
-Com
certeza não... Mas já que me tirou do deserto é justo que eu fale, afinal
parece que da importância a algo assim certo?
-Um
pouco acho... Por favor, divida seu nome conosco.
Com
um suspiro ele revela:
-Meu
nome é Loki
O
homem para por um momento e depois prossegue:
-Loki?
Hum, interessante... – depois de uma breve pausa – Gostei do nome, uma pena que
não passará desse lugar amigo sabe, você não tinha nada para nós e isso me
irrita profundamente, raramente alguém vem para esses lados então os que vêm
esperamos que no mínimo trouxessem algo para tributo, mas você não trouxe nada
além de você mesmo, então te ajudaremos a pagar seu tributo com sua própria
pele e não precisa agradecer, fazemos de bom gosto.
Ele
ficou encarando seriamente o homem até o fim desse papo imbecil e tudo que
pensava naquele momento e como fora parar na mão de idiotas assim tão
facilmente, deveria estar muito cansado mesmo, o homem ainda continuou falando:
-Mas
vamos te dar um tempo ai pra pensar em todas as rezas que quer fazer, último
pedido e tudo mais, pode se despedir do mundo sem problemas e até mais tarde
forasteiro... Ah, desculpe! – com um sorriso zombador - Loki.
Quando
Morgan saiu do aposento, ele deu uma boa olhada em volta e percebeu ser apenas
um tipo de solitária bem suja e nojenta, perfeita para enlouquecer qualquer
pessoa que fosse contra as regras impostas pelos guardas ou pelo governo.
Depois de um tempo pensando em como poderia se livrar daquilo percebeu que não
havia como, não pelo menos naquele momento naquele estado.
Certo
momento ele ouviu uma voz de alguém gritando, parecia vir do lado dele, talvez
na solitária vizinha algo do tipo, quando foi se aproximando da parede percebeu
um buraco que ligava as duas celas olhou e viu um homem de camisa branca
rasgada, e uma calça Jeans já desgastada pelo tempo de uso, cabelos escuros de
comprimento mediano, rosto cheio de ferimentos, e olhos cor de mel bem claros,
possuía as duas orelhas furadas. O sujeito logo que percebeu que o olhavam
chegou perto do buraco falando:
-Olha
só! Possuo um vizinho tão ferrado quanto eu finalmente, estava começando a
pensa que a vida tava sorteando todas as cartas de azar pra mim.
Loki:
-Quem
é você homem dono do azar?
-
Me chamam de Myle estranho, o homem sem destino ou salvação sou apenas um
azarado.
-
Como veio parar aqui?
-Ah
sabe... - da uma risadinha – Esses caras não tem muito senso de humor, imagine
que só porque roubei um pouco da comida, dormi com uma das mulheres daqui e
estava roubando água e camelos eles se irritaram comigo e me prenderam. Será
que eles nunca foram informados que ladrão que rouba ladrão tem cem anos de
perdão? Ainda estou no prazo do meu perdão cadê ele? Cadê minha liberdade?
-Ladrões
nos roubam tudo, até mesmo a liberdade. Mas você não parece muito melhor que
eles.
-Não!
Eu sou sim. – Com um olhar triste - Só roubei porque precisava e só dormi com a
mulher por que... – Com o rosto envergonhado - Tava precisando...
Loki
deu uma risada olhou a sinceridade nos olhos do rapaz que parecia ser bem novo,
no máximo 20 anos e percebeu que realmente tudo que fez parecia ter sido por
necessidade já que se via que sofrerá bastante mesmo antes de ser preso
provavelmente por seu estado.
-Bem,
acredito em você rapaz.
-Pena
que agora é tarde e pelo o que ouvi eu e você estamos no mesmo barco afundando
né?
Loki
com um olhar sério:
-Eu
não vou morrer aqui, devo continuar minha caminhada logo
-Pra
onde vai?
-Não
sei, para onde eu tiver que ir.
-Você
ainda tem esperança de sair daqui?
-Não
tenho esperança, isso é coisa de pessoas que acreditam que seu destino e escrito
por uma força maior, e esperança não passa de um apelo para que essa força não
encerre seu destino logo. – distancia o olhar – Eu acredito que criamos nosso próprio
destino e por isso tenho consciência que o destino que criei pra mim e maior do
que essa cela imunda e ainda tenho muito do que passar fora daqui, isso não é o
fim ainda.